segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Entrevista com o professor João Canavilhas

Vale a pena conferir a entrevista com o excelente professor da Universidade de Beira Interior, João Canavilhas (foto), o criador do modelo da "pirâmide deitada", uma nova forma de linguagem para o webjornalismo. Esta proposta foi tese de seu doutorado. Nesta entrevista para o Ensino Magazine, ele detalha o método, fala do futuro dos jornais de papel e de como os jornalistas precisam se adaptar às novas linguagens da rede. Então, vamos lá.
Escrever para o on-line exige nova gramática



O jornalismo on-line caminha para uma hegemonia que deixará o suporte papel inevitavelmente para trás. Mas, escrever para o suporte electrónico não é escrever apenas com letras. Exige som, e imagem, estática e em movimento, pelo que é necessário aprender uma nova gramática para comunicar. A opinião é de João Messias Canavilhas, docente da Universidade da Beira Interior que terminou recentemente a sua tese de doutoramento, no âmbito da qual criou uma gramática da escrita on-line, a qual assenta num caminho que vai da pirâmide invertida para a pirâmide deitada. Estes mês explica esse percurso numa entrevista concedida ao Ensino Magazine, na qual fala ainda da televisão regional e do futuro do jornal on-line e de papel publicados pela Universidade da Beira Interior.



Na sua tese desenvolveu uma gramática da escrita on-line. Quais são as características principais dessa gramática?


Parti de um princípio simples: se a Web é um novo meio de comunicação então deve ter uma linguagem jornalística própria que explore as suas particularidades. Para identificar esta linguagem, a investigação centrou-se em duas das suas características mais importantes: hipertextualidade e multi-medialidade.Foi desenvolvido um trabalho experimental que procurou saber de que forma a utilização de hipertexto, vídeos, sons e infografias pode influenciar a percepção de compreensão, satisfação, atitudes e emoções dos utilizadores. Os resultados mostram que tanto o hipertexto como o vídeo, para citar apenas dois exemplos, têm impactos nas variáveis estudadas. Partindo dos resultados obtidos com vários tipos de conteúdos propôs-se uma arquitectura para a notícia online e uma gramática onde se explica como, quando e onde se devem utilizar links, textos, vídeos, sons e infografias. A proposta final é um conjunto de regras para a redacção de notícias na Web, a tal gramática multimédia.


Em que essa gramática difere da gramática que serve de base à escrita para papel?


Esta gramática propõe uma técnica de redacção diferente daquela que é usada na imprensa escrita, a Pirâmide Invertida, onde a notícia começa com os dados mais importantes, seguindo-se sucessivamente parágrafos com informações cada vez menos importantes. No caso do online propõe-se uma nova técnica a que chamei Pirâmide Deitada. Trata-se de uma arquitectura noticiosa de livre navegação que oferece quatro níveis de informação. Começa com a Unidade Base - o lead - que responde ao essencial: O quê, Quando, Quem e Onde. Segue-se um outro bloco de informação - o Nível de Explicação - que responde ao Por Quê e ao Como, completando a informação essencial sobre o acontecimento. Na passagem de um nível para o outro existe apenas um link. A partir deste nível o texto passa a incluir links para mais informação sobre os vários aspectos centrais da notícia. Chama-se Nível de Contextualização e os blocos de informação podem ser texto, vídeo, som ou infografia animada: o objectivo é situar a informação num determinado contexto social, cultural, económico, etc..Por fim, o Nível de Exploração liga a notícia ao arquivo da publicação ou a arquivos externos, aprofundando mais cada um dos aspectos antes referidos. Ao contrário do que acontece na Pirâmide Invertida, aqui o jornalista não se concentra na decisão do que é mais importante para si, mas em oferecer informação mais rica que permita a cada utilizador ler aquilo que mais lhe interessa. Desta forma o utilizador que prefere pouca informação fica-se pela leitura dos primeiros níveis e o leitor mais exigente pode explorar o assunto até se considerar satisfeito com a informação.



Essa gramática destina-se apenas ou mais a pessoas cuja profissão está relacionada com a escrita ou é algo que, mais cedo ou mais tarde, poderá ser um conhecimento necessário ao cidadão comum?


Esta gramática é uma ferramenta profissional para quem conta histórias ou relata factos. O objectivo é libertar o leitor e dar-lhe a possibilidade de personalizar uma história, escolhendo ele próprio o percurso de leitura que mais lhe interessa.



No caso concreto dos jornalistas, considera que é necessário reaprenderem a escrever para poderem escrever para jornais on-line?


Só se for por causa do novo acordo ortográfico (risos). Claro que não é preciso reaprender, basta fazer as necessárias adaptações. Aconteceu o mesmo no início da rádio e posteriormente na televisão. O ano passado, por ocasião dos 50 anos da RTP, foram emitidas gravações onde foi possível constatar isso mesmo: muitos dos primeiros jornalistas de televisão chegaram à RTP vindos de rádios, por isso a linguagem e a colocação de voz eram tipicamente radiofónicos. O que se faziam não era jornalismo televisivo, mas jornalismo radiofónico com imagens. Por isso é natural que actualmente se utilizem no online as técnicas usadas na imprensa escrita. Mas as coisas começam a mudar. A técnica que eu proponho para o jornalismo na Web é apenas um pequeno contributo para uma futura linguagem, mas já é leccionada em algumas instituições de ensino superior portuguesas, espanholas e americanas. Tenho sido convidado para fazer alguns workshops em escolas e a receptividade tem sido boa. As regras para escrever em jornais online são simples e com uma utilização regular acabarão por ser interiorizadas. Um exemplo: para quê gastar quatro parágrafos a explicar se determinada jogada de futebol foi ou não grande penalidade quando é possível mostrar um vídeo com a jogada? O texto é substituído por vídeo e cada um fará a sua própria interpretação da jogada. Desta forma consegue-se até um jornalismo mais objectivo.


Vários autores, como Kress, defendem que hoje ler já não é algo que se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo, mas é também ler ecrãs, com uma organização espacial diferente e com elementos multimédia além do texto. Concorda com esta posição?


Absolutamente de acordo. Lemos textos tal como lemos imagens ou sons porque o cérebro associa imagens e sons a palavras, e vice-versa. A nossa geração teve uma educação muito baseada na linguagem verbal escrita e por isso fomos obrigados a adquirir um conjunto de competências iconográficas no dia-a-dia para compreendermos as novas narrativas. A geração actual tem uma educação em que as linguagens verbal e não verbal surgem em pé de igualdade e por isso adaptam-se muito rapidamente a este novo estilo de narrativas multimédia. A exploração das potencialidades da Web que proponho procura justamente atrair estas novas gerações para a leitura de informação de cariz jornalístico.


Então, o que é escrever hoje?


Hoje, como sempre, podemos escrever com letras, mas também com imagens ou sons, embora nos dois últimos casos seja necessário o apoio do texto para uma correcta descodificação. As "escritas" não se substituem, complementam-se. Ao olhar para um quadro fazemos uma leitura contextualizada graças ao que lemos sobre o autor, sobre a sua época ou sobre as técnicas utilizadas. Se não fosse assim, tudo o que pudéssemos dizer seria o reflexo de um estado de espírito e não uma apreciação da obra. Apesar de defender esta escrita hipermultimediática devo sublinhar que sem um bom domínio do texto verbal escrito não é possível desenvolver outras competências. Quem não lê terá certamente muitas dificuldades na escrita e na interpretação do mundo que o rodeia pelo que a sua produção intelectual ficará irremediavelmente condicionada.



A UBI é um caso paradigmático, pois, a partir de um jornal on-line acabou por apostar também na edição em papel. Como é que viu essa decisão e o que pensa dessa complementaridade?


O URBI em papel surgiu numa altura em que o online ainda não tinha a projecção que tem hoje e o acesso à Internet estava restrito a um pequeno grupo. Com a vulgarização dos acessos à Internet penso que em breve deixará de fazer sentido ter uma edição em papel.
O João defende há muito o desenvolvimento do jornalismo on-line em Portugal, mas esse desenvolvimento tem sido incipiente. Na sua opinião por que é que o jornalismo em suporte on-line tem de ser desenvolvido e de que forma é que tal poderá ser feito, tendo em conta que o que preocupa as empresas é o retorno publicitário?De acordo com o Innovation in Newspapers 2007 World Report, em 2012 a Internet será a primeira fonte de informação jornalística em todo o mundo. Um outro estudo aponta para 2018 como o ano em que as receitas do online vão ultrapassar as receitas do papel. Estamos claramente no início de um ciclo ascendente para este sector. Aqui ao lado, em Espanha, há inúmeros casos de sucesso de publicações exclusivamente online, com jornalistas que fizeram a carreira na imprensa escrita a lançarem os seus próprios projectos na Web. O nome mais importante do sector online em Espanha, Mário Tascón, abandonou a liderança da Prisa.com para lançar um projecto próprio. Estamos a falar de um administrador de topo de um dos grupos mais importantes do planeta. Neste momento as grandes empresas internacionais estão a apostar no sector da informação online seguindo as indicações no mercado. Em Portugal as coisas acontecem sempre mais tarde, mas se olharmos com atenção percebemos que há mudanças recentes no Expresso, no Público, no Jornal de Notícias, na TSF, na RTP, só para citar alguns exemplos. Definitivamente, o futuro está na Web.


Na sua opinião, há espaço para ser criada uma televisão regional? Se sim, de que forma tal poderá ser feito, tendo em conta a necessária viabilidade financeira? Se não, porquê?


Depende muito do tipo de televisão regional que estivermos a falar. Se pensarmos num projecto sério e com qualidade penso que é muito difícil fazer uma televisão que abranja apenas os distritos Castelo Branco, Guarda e Portalegre. Nestes três distritos há jornais e rádios locais a viver com grandes dificuldades financeiras e note-se que estamos a falar de meios menos exigentes em termos de recursos humanos e técnicos. A única forma de lançar uma televisão digna desse nome seria alargar a área de influência ou juntar num só projecto todas as rádios e jornais regionais, as escolas de ensino superior, as associações de desenvolvimento regional e um conjunto de investidores dispostos a apostar num projecto cujo retorno só ocorre no médio-longo prazo. Noutro país poderíamos ter aqui uma fantástica oportunidade, em Portugal temos uma impossibilidade devido aos bairrismos bacocos e às mentalidades de minifúndio dominantes.


Na chamada geração dos polegares, a informação passa cada vez mais pelo telemóvel. Podem os jornais ganhar a batalha de serem lidos em telemóvel? A UBI está a desenvolver investigação no sentido de adaptar esse suporte à informação?


O jornalismo para dispositivos móveis é uma das apostas de futuro onde a UBI está a desenvolver investigação. Iniciámos recentemente um novo projecto que procura desenvolver linguagens e interfaces que permitam aos utilizadores aceder a informação jornalística a partir de telemóveis e de plataformas de jogos, como a PSP. O tempo dos clubes de leitura passou. A distribuição dos jornais, uma das partes mais caras de todo o processo, tenta levar a informação até pontos próximos do leitor, mas já não é suficiente. Para quê comprar um jornal no quiosque se é possível tê-lo a toda a hora no telemóvel? É evidente que ler num ecrã de telemóvel não é agradável, mas é justamente nesse campo que o projecto vai trabalhar.



Cara da notícia
João Canavilhas é doutorado em Comunicação pela Univ. de Salamanca e professor na Universidade da Beira Interior onde lecciona várias disciplinas na área de jornalismo. Investigador no Labcom - Laboratório de Comunicação Online, coordena ainda o Centro Multimédia da UBI e é director do primeiro jornal online universitário português, o URBI.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carlos Costa



De excelente qualidade a fotografia publicada pelo Jornal de Fato sobre a morte do monsenhor Américo Simonetti, na primeira página. Obra do repórter-fotográfico Carlos Costa, que entende do assunto. Veja a a foto individualmente e como foi publicada

Artigo do padre Américo

Como editor do Jornal de Fato, propus para o monsenhor Américo Simonetti, que faleceu neste final de semana, que escrevesse um artigo por semana sempre aos domingos. Isso aconteceu em 2005. Esta relação durou mais de um ano. Um dos artigos publicados, reproduzo agora.


Infelizes chamados felizes
MONSENHOR AMÉRICO SIMONETTI
Hoje, para nossa reflexão, está um trecho do Evangelho de Mateus: 5, 1-12. São chamados de "felizes" pessoas e categorias de pessoas que normalmente são chamados "infelizes".
Esta passagem do Evangelho caracteriza-se pela repetição do adjetivo "bem-aventurados", o qual significa "felizes", que vem sempre no início de todas as oito proposições:
"Bem-aventurados, os pobres de espírito..."
"Bem-aventurados os mansos..."
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça..."
"Bem-aventurados os misericordiosos..."
"Bem-aventurados os puros de coração..."
"Bem-aventurados os que promovem a paz..."
"Bem-aventurados os que são perseguidos..."
Como entendemos as bem-aventuranças? O que elas representam e dizem para nós hoje? Nós somos pessoas felizes? A nossaa felicidade consistem em quê?
A filosofia que impera no mundo é a filosofia do prazer e do bem-estar. Na mentalidade do mundo, é feliz quem é rico, é feliz quem é poderoso e domina os outros, é feliz quem tem fartura de tudo.
A visão que Jesus nos ensina é diferente. A verdadeira felicidade não está nestas coisas. Está na humildade, na simplicidade, no acolhimento tranqüilo da vida, em nunca perder a fé e a confiança em Deus que nos ampara. Até nas perseguições enfrentadas por amor à justiça, ressoa, para o Justo, a grande palavra de Deus: "alegrai-vos e exultai pois é grande no céu a vossa recompensa".
Já aqui na terra há uma íntima felicidade para que abraçam a lição das bem-aventuranças. E muito mais felizes serão um dia, para sempre, no céu. Serão "bem-aventurados": esse é o estilo luminoso e sereno da felicidade dos que um dia estarão para sempre na Casa do Senhor.
As bem-aventuranças não se limitam a repetir os princípios da fé ou exortações para confiar em Deus. Elas afirmam com simplicidade mas também com muita decisão, que uma coisa nova começou neste mundo. A felicidade que aqui é atribuída às várias categorias de pessoas, não é considerada somente como promessa para o futuro, mas é afirmada como realidade agindo no presente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sim, a culpa é toda da internet

Este texto está no blog Webmanario, que trata de uma situação bastante interessante com relação ao meio internet e o meio jornal impresso. Como o Brasil já sente os efeitos da queda na circulação (nenhum jornal tem atualmente uma tiragem superior a 300 mil exemplares) e com a popularização da banda larga, nós jornalistas, vislumbramos um futuro muito mais dinâmico e multimídia. Olha só:



Alan Mutter tem um contraponto muito bacana à tese de Jeff Sonderman, que sustenta que as notícias sempre foram de graça e, por isso, a culpa pela crise dos jornais não é da Internet e seu modelo de distribuição gratuita de informação.
Mutter, jornalista veterano e editor de um dos blogs mais relevantes sobre o futuro do jornalismo (Reflections of a Newsosaur), realizou um levantamento que liga, e diretamente, o uso da rede ao declínio da circulação dos produtos impressos.
Pelo seu estudo, países em que a adesão à banda larga residencial supera 20% da população assistem, simultaneamente, à queda de tiragem e faturamento publicitário de seus veículos de papel. Quando o número chega a 30%, o sinal vermelho se acende e a redução passa a ser brutal.
Nos Estados Unidos, ressalta Mutter, o forte movimento para baixo das circulações começou a ser notado em 2003, quando o acesso à banda larga nas casas americanas já era de 23%, e se intensificou a partir do ano seguinte, quando bateu em 31%.
Hoje, 60% dos americanos (eu atualizei o dado do texto original de Mutter, escrito em maio de 2008) possuem uma conexão rápida em seu domicílio. E os jornais, que alcançavam um terço dos habitantes dos EUA em 1946, agora têm um share de apenas 18%.
Mutter não se restringiu aos Estados Unidos: segundo ele, a tendência do “de 20% para cima em banda larga residencial, menos jornais na rua” se repete em países como Alemanha, Canadá, Holanda e Reino Unido.
Preço alto e limitação de acesso à internet em países pobres ou em desenvolvimento explicam, de acordo com ele, porque o negócio jornal ainda está no azul em lugares distintos como Brasil, China e Índia _além da franca expansão econômica, que tirou cidadãos da linha de pobreza e deu às suas economias uma nova classe de consumidores.
É questão de tempo, diz Mutter.
No Brasil, falta pouco para testarmos a regra dos 30% (porcentagem em que a coisa, de fato, fica feia para os impressos): hoje, 16% dos brasileiros possuem banda larga em casa. Até o final de 2009 eles deverão ser 20%. Estima-se que alcançaremos a “linha de Mutter” em 2011.
Está chegando a hora.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Webjornalismo participação na Tribuna do Norte

Ao lado do companheiro de batalha na Uern e no Jornal de Fato, Higo Lima, apresentei um trabalho no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Intercom, Curitiba, sobre a participação dos leitores da Tribuna do Norte na produção de notícias. Você pode conferir o trabalho aqui no blog. http://www.slideshare.net/secret/Bpw438yYXUI2Xi

terça-feira, 30 de junho de 2009

Radioweb em Mossoró


Fiquei realmente maravilhado ao ouvir a Lembrança FM, a primeira webradio de Mossoró. Conduzida por excelentes profissionais, o internauta ainda tem o recurso de poder ver os locutores durante o programa, através de três câmeras que se alternam o tempo todo. A seleção musical também é de excelente qualidade. Quem quiser conhecer um pouco da emissora, vale a pena acessar o site, que ainda está em processo experimental.

Banda MP3 na Intertv

Essa reportagem saiu há mais de um mês no programa RN TV, da Intertv Cabugi. Vale a pena dar uma olhada para quem quer conhecer um pouco da banda. Vale também pelas belas imagens do amigo Zenóbio Oliveira, uma das cabeças pensantes da Comunicação Social da Uern.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Edita imagens no Infarview




Não conhecia este programa de edição de imagens, até me deparar com o curso Jornalismo 2.0 da Knight Center. Posso dizer que se trata de um bom programa para quem busca uma edição rápida, sem maiores complicações, um bom programa até mesmo para quem é profissional na área. No meu caso, que não sou e que sou fotógrafo apenas como necessidade dos novos tempos de jornalismo multimídia, aproveitei para instalar o programa (que é gratuito) e para editar duas de minhas imagens sobre aspectos arquitetônicos da minha cidade, que começam a receber a poluição de letreiros de lojas que estão ocupando estes espaços. Como não há uma política de incentivo ao patrimônio, muitos destes imóveis estão mal-conservados. No Infarview, tive a oportunidade de melhorar a minha foto, dando um tratamento melhor, sobretudo na tonalidade e na valorização das cores, a partir da ferramenta "color corrections". Nas ferramentas sugeridas para a atividade (o resize), reduzi o tamanho da foto, que tinha 1,3 megabytes para pouco mais de 50k, um tamanho que considerei bom para adicioná-las à internet. A ferramenta de corte possbilitou que eu pudesse fazer uma pequena edição nas imagens, retirando o que considerei desnecessária na foto. No geral, não encontrei qualquer dificuldade, visto que o software é simples, de fácil manuseio e ideal para quem quer seguir na prática de edição de imagens.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Análise comparativa de resultados em sites de busca sobre “cura para o stress”

Nos sites de busca, quando o tema proposto é "a cura do stress" percebe-se, no cinco primeiros resultados analisados, que o Google apresenta uma maior diversidade de opções tanto para cura para o stress, quando para temas que tem relação de alguma forma. Não apenas sobre o campo da saúde, mas aparece resultados como uma página de turismo, onde Dubai seria uma cidade ideal para "a cura do stress". Ou até mesmo um blog em que apresenta um texto em tom melancólico de um "estressado". Para quem estiver interessado no assunto, o Google possibilitou a maior diversidade possível acerca do tema.
O Yahoo, por sua vez, apresentou resultados sobre o stress enquanto um problema de caráter médico, como por exemplo: a Cura para o Stress, Stress: Uma doença moderna! , Stress - O mal do século XXI e no site Saúde Vida On Line (O que é o Stress?). Percebe-se que os resultados abordam uma única temática, quando pode acontecer que o usuário busque outras formas de discutir o stress que não apenas sob a ótica médica. O mesmo pode ser dito do site Altavista, que apresentou resultados muito semelhantes ao do Yahoo, exceto com uma diferença: a citação de uma editora de livros ("Sá Editora - O livro para o prazer da leitura").
O resultado é bastante semelhante no buscador do MSN, com dois resultados que destoam do tema: A CURA DA ACNE EM 24 H e O Abraço cura.
O Radaruol foi direto ao assunto que lhe interessa, que é o comercial. Os primeiros resultados da busca se limitam a questões que envolve anunciantes, publicidade, algo que pode não interessar quem está pesquisando sobre o tema. Os resultados tratavam de: Acabe Com o Seu Estresse Reduza as Químicas Cerebrais Prejudiciais que Causam Estresse. www.Mente-Quantica.com GABA 750 mg 100 caps, Neurotransmissor inibitório. Indispensável contra o stress. www.Super-Smart.eu Curves, Academia Feminina Combata o Stress Exercitando Corpo e Alma! Experimente 7 Dias Grátis. www.curves.com.br, A psoríase tem cura Centro de cura de psoríase Lisboa- 213630925 - 961013078 www.curamos-psoriase.com.
O Clusty, talvez por ser um buscador em inglês, apresentou maior dificuldade de encontrar resultados relacionados ao tema. Na maioria, nada tinha a ver com "a cura do stress", como estes exemplos: "Cura" é uma palavra com muito poder... Ou mesmo: Existem tratamentos para o VIH/ HIV e a SIDA/AIDS? Sim, existem vários tipos de tratamentos para o VIH/SIDA (HIV/AIDS). Ou então: Andorra viagra distintos. O Clusty não conseguiu resolver nenhum problema. E ainda traz no alto da página um indicador de que a grafia do tema poderia estar errada e sugere: "Você quis dizer: curia para o stress". Ao clicar no link, os primeiros resultados referem-se ao Grande Hotel da Curia e a Igreja Católica Romana ou catolicismo.
O Ask lembra o Radaruol e o Clusty juntos. Abre resultados de publicidade, mas nenhum deles lembra o tema proposto. Chega a ser engraçado, como nestes exemplos: Cura para la colitis - Healthcare.com, Stress Relievers, Biodots stress cards, stress chips. E uma página em português: Problemas Sexo/O Stress?. Estas mesmas páginas aparecem como resultados no www.dogpile.com.

Agregadores: Feedreader 3.14 e o Google Reader

Nunca antes tinha passado por uma experiência realmente prática de utilização dos agregadores. Percebia o ícone RSS nas páginas, mas nunca antes me interessei em saber exatamente do que se tratava. Li a respeito do assunto, entendia a sua finalidade até que resolvi utilizar este serviço a partir do Google Reader, que estou usando há dois meses. Trata-se de um agregador recheado de vantagens, a principal delas é por conta de ser uma página do Google, acessada por uma senha e um login. Assim, o usuário não precisa baixar um programa semelhante em seu computador, mas terá acesso aos feeds em qualquer máquina onde ele estiver.
É dinâmico, pode ser compartilhado com amigos e dá um resumo das minhas atualizações preferidas. Mas, nem tudo é perfeito: o Google Reader precisa que o usuário constantemente atualize o site a fim de conhecer se algum post novo foi incluído nas páginas adicionadas. No começo, é interessante, depois passa a ser um incômodo. Um ponto positivo é a página inicial, que dá um resumo das atualizações mais recentes, um apanhado que lembra um clipping. Antes de conhecer o Google Reader, precisava manter ao menos sete páginas do Internet Explorer abertas a fim de acompanhar os jornais on line. O agregador conseguiu unificar tudo e agilizou muito o processo de acompanhamento das notícias.
Mesmo assim, baixei o Feedreader 3.14, uma ferramenta que funciona como o Googler Reader, com a diferença que precisa ser instalado na máquina do usuário. Ou seja, ele tem um agregador moderno, mas não pode contar com ele em qualquer lugar. Por isso, nesta análise considero que cada um oferece vantagens e desvantagens e que, no final das contas, é importante manter os dois, como uma espécie de programa de e-mail (quando se tem um email através do Outlook e outro através de acesso em página da internet, por exemplo).
O principal atributo do Feedreader é a agilidade que o Google Reader não oferece. É possível tomar conhecimento de todas as atualizações através de um sinal sonoro e de uma janela que se abre no canto direito da tela. Esta janela traz os títulos dos posts adicionados que, clicados neles, vão direto para a página do RSS, onde a informação é apresentada a partir de um resumo. Como o resumo é padrão, independente do agregador, o Feedreader e o Google são muito parecidos.
Mas, o primeiro tem uma outra vantagem sobre o segundo: é possível visualizar o site de origem da post na própria ferramenta do agregador. No Google Reader, uma outra janela se abre para que o site seja visto no browser. No Feed, o acesso é rápido e ajuda o usuário e ir direto onde quer, sem precisar abrir uma nova janela de internet.
Para o exercício de meu trabalho na redação, o Feedreader mostra-se eficiente, pois é possível tomar conhecimento da atualização de forma instantânea e assim encaminhar possíveis pautas ou discussões acerca de um tema para outros companheiros do jornal. No Google Reader, é preciso ficar sempre atualizando a partir de um botão na página ou utilizando a tecla F5. Como nem sempre isso é feito com constância, às vezes, perde-se um tempo preciso ao tomar conhecimento atrasado de uma informação.

domingo, 10 de maio de 2009

Web 1.0 vs Web 2.0 – Uma mudança de comportamento

Os teóricos da comunicação têm atribuído datas diferentes de origem da internet, embora estejam de acordo quanto ao seu objetivo inicial. Pollyana Ferrari cita em seu livro "Jornalismo Digital" que a internet foi concebida em 1969. Já Antônio Costella, por sua vez, afirma que a internet começou a surgir no final da década de 1950. Embora os dois autores diferenciem em seus estudos quanto à época de surgimento da rede, ambos concordam quanto a sua finalidade nesse período. A Internet servia de instrumento para o Departamento de Defesa norte-americano nas pesquisa de informações do serviço militar em meio aos tempos de Guerra Fria.
Depois de vários testes entre regiões distantes dos Estados Unidos, em 1975, a Agência de Comunicação e Defesa ganhou o controle da Arpanet, rede nacional de computadores que servia de comunicação emergencial caso os Estados Unidos fossem atacados por outro país. Assim, a troca de dados teve um crescimento considerável, chegando a novos usuários, principalmente os pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa.
No final da década de 1980, muitos computadores já estavam interligados em todo o mundo, abrangendo o alcance da rede em cerca de 80 países, inclusive o Brasil, que deu início a difusão da internet em seu território no ano de1990 por meio da Rede Nacional de Pesquisas. Nesta época, os consumidores em potencial dessa novidade eram preferencialmente as instituições de ensino ou educacionais.
A expansão dos usuários da internet no planeta foi inevitável frente as facilidades que ela oferecia aos consumidores. Para se ter uma ideia de como o serviço foi aceito pela população mundial, o número de computadores conectados entre si subiu de 1,7 milhões de em 1993 para 20 milhões quatro anos depois. Em 1996 já eram 56 milhões de usuários em todo o mundo, a maioria ainda concentrado nos Estados Unidos, local de origem da internet.
A chamada Web 1.0 está configurada aí, quando a rede passou a ser utilizada como negócio para as empresas, onde os serviços de mensagens instantâneas e os e-mails eram uma grande novidade e isso significava agilidade e barateamento dos custos. Como o serviço de Web era caro, poucas pessoas tinham acesso à internet, o que a tornou numa rede onde o conteúdo era produzido por especialistas, atualizado por especialistas e alguns outros internautas tinham acesso na rede.
Eu lembro bem quando a internet chegou em Mossoró, através das linhas discadas em 1996, e como trabalhava num jornal, nós na redação não sabíamos ao certo qual seria a sua finalidade. No início, a web era utlizada por nós apenas para transmissão de dados e acesso a algumas páginas de empresas como o Zaz (hoje o Terra) e o Uol. Até mesmo o conteúdo destes sites era experimental. Os jornais começaram a explorar a rede, reproduzindo a versão impressa, de forma integral, para o computador. Acreditava que teria uma maior abrangência, mesmo ciente de que em Mossoró (RN), onde eu moro, o número de computadores ligados na rede eram muito pouco – não chegando a 500.
Essa primeira fase da internet foi formatada a partir de um compartilhamento de conteúdo limitado, em que corporações buscavam manter negócios na rede, criando a famosa "bolha das empresas pontocom", que estourou poucos anos depois.
A Web 2.0 é uma mudança de comportamento. Em meio à revolução digital, onde a internet surge não como uma mídia, mas como uma plataforma que alterou todos os segmentos sociais e práticas do cotidiano, a rede passou a ser tão comum quanto ligar a TV ou rádio. O grande número de usuários (cerca de 1 bilhão no mundo inteiro) também alterou a rede. Hoje, esses usuários são produtores de conteúdo, compartilham material e não são mais meros passivos diante das estratégias corporativas da Web 1.0. O fator de democratização da rede foi o contribuinte principal para o estabelecimento deste novo modelo de Web.
Os blogs, Flickr, Orkut, Youtube e Twitter colocaram qualquer pessoa no ciberespaço, emitindo opiniões, questionando, divulgando material, interagindo com outras pessoas, encurtando caminhos, a qualquer hora ou lugar. A Web 2.0 são todas estas pessoas. A Web 2.0 mexeu com setores como a música, o cinema, a TV, os jornais... Este novo consumidor não quer se sentir obrigado a sentar na frente da TV naquele horário predeterminado para ver o seu programa favorito. Ele é quem decide o horário para assisti-lo. Ele também não quer receber as notícias do jornal no papel destacando informações do dia anterior. Ele quer a notícia na hora do acontecimento, em tempo real, comentada, com fotos, vídeo e áudio. E esse novo comportamento está afetando diretamente estes mercados, que já precisam perceber a internet, a Web 2.0, como solução para seus negócios.
Portanto, estamos no olho do furacão, como disse o professor Rosental Calmon Alves em sua palestra em São Paulo no Congresso Nacional de Jornais, no ano passado, e os novos consumidores da rede são também produtores. Uma relação nunca antes vista e que sequer os especialistas da Web 1.0 poderiam prever.