quarta-feira, 14 de agosto de 2013
LANÇAMENTO: Infografia Interativa na Redação
Sobre o o livro
Os infográficos, historicamente, acompanharam o processo de evolução do jornalismo, desde os modelos incipientes feitos à mão no século XVIII até a inclusão de computadores e softwares sofisticados nos dias atuais. Seja para enfrentar o advento da TV, frente à tomada de parte dos leitores do jornal impresso, ou para representar a Guerra do Golfo, onde não se permitia a fotografia, a infografia alcança níveis modernos de produção e publicação. Os dispositivos técnicos possibilitaram que os infográficos evoluíssem para o ambiente da internet, com condições para a manipulação do leitor, incorporação de vídeo, áudio e animações, o que se denominou então infografia interativa. Tais modelos digitais de visualização da informação aportaram recentemente nos diários nordestinos e em seus respectivos sites na internet com feições regionalizadas. Esta obra, portanto, propõe-se a explorar e descrever os processos de elaboração da infografia interativa, tomando o exemplo do Diário do Nordeste, da cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, cujo departamento especializado na tarefa foi instalado em 2011. Para tanto, baseia-se na perspectiva da Teoria do Jornalismo, como o newsmaking, os filtros (gatekeeping) e as etapas de construção da notícia.
Infografia Interativa na Redação, 184 páginas, editora Sarau das Letras. Excelente acabamento... R$ 39, com frete grátis para todo o Brasil. Primeiro evento de lançamento marcado para setembro no INTERCOM 2013 - MANAUS. Interessados podem entrar em contato pelo Facebook ou pelo email williamrobson@folha.com.br
COMO ADQUIRIR, via Mercado Livre: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-504048420-infografia-interativa-na-redaco-_JM
terça-feira, 31 de julho de 2012
A Infografia Interativa do Diário do Nordeste: percepções e análises
Este é o resumo do meu artigo a ser apresentado no Intercom nacional em Fortaleza, no GP Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas, subárea de Conteúdos Digitais e Jornalismo on Line:
Os dispositivos técnicos possibilitaram que os infográficos evoluíssem para o ambiente da internet, com condições para manipulação do leitor, incorporação de vídeo, áudio e animações, denominando assim de infografia interativa. Estes modelos digitais de visualização da informação aportaram recentemente nos diários nordestinos e em seus respectivos sítios na internet com feições regionalizadas. Este artigo, portanto, propõe-se a observar exemplos incipientes na implementação da infografia interativa no Diário do Nordeste, de Fortaleza, Ceará, processo iniciado há um ano. Para tanto, baseia-se em quadro teórico de referência acerca do tema e de conceitos que apontam características essenciais da infografia, proporcionando uma compreensão do decurso de sua estrutura estática (do suporte impresso) para a multimídia (do cibermeios).
Vocês podem ler o artigo clicando aqui
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
SOBRE A MÍDIA E MODERNIDADE, DE JOHN THOMPSON
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
INTERCOM 2011
Olá, pessoal. Estava um pouco afastado do blog, mas a atualização continuará à medida que minha produção acadêmica for se intensificando. Desta vez, posto os resumos do meu GP Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas, na sessãoMídias Digitais, da Intercom 2011, congresso que se realizará em Recife. Minha participação está marcada para o dia 5. Este GP também contará com outro trabalho importante sobre infografia, produzido pela professora Adriana Rodrigues (UEPB), que observará a ferramenta com relação ao gênero jornalístico. Veja todos os resumos:
Sessão 04 - Mídias digitais Coordenador(a): Alvaro Fraga Moreira Benevenuto Jr. (UCS) “Obra em progresso”: o blog como canal de debate e invenção cooperada entre o artista e o público Carlos André Rodrigues de Carvalho (UFPE) Resumo: Os blogs, que surgiram como meros diários digitais de pessoas comuns, mesmo com públicos limitados, mas ativos, tiveram seus usos cada vez mais diversificado ao longo dos anos. Hoje são utilizados pelas organizações, jornalistas, políticos, escritores e outras personalidades para os fins mais diversos. O compositor Caetano Veloso, por quase dois anos, lançou mão de um blog, o “Obra em progresso”, para não só tornar pública suas opiniões sobre os assuntos que estavam na ordem do dia (política, música, literatura, sociolingüística etc.), mas como ferramenta para trocar ideias com os fãs e, com a ajuda destes, através de comments aos seus posts, criar o seu próximo CD. Com esta iniciativa, o compositor conseguiu ampliar ainda mais os gêneros do blog.
Progressismo, participação, precarização e linguagem em abordagens recentes sobre jornalismo e Internet Pedro Benevides(Unisinos) Um conjunto de dissertações e teses sobre jornalismo on-line recentemente defendidas é analisado para buscar questões comuns e articulações entre problemas. Busca-se o acúmulo de conhecimento a partir das pesquisas empíricas realizadas em diversas áreas, como Letras e Filosofia, além da Comunicação. Quatro grupos de questões são destacados: os ideais implicados na Internet; a participação na Internet; a relação entre precarização do trabalho, velocidade das notícias e valores jornalísticos; os potenciais e limites da linguagem do jornalismo on-line.
A narrativa digital como forma de enriquecer o conteúdo de blogs jornalísticos Douglas de Araujo Teixeira (Facinter) Atualmente, os blogs são ferramentas utilizadas em larga escala por jornalistas. Por isso, há a clara necessidade de se pensar formas eficientes de produzir conteúdo para esses veículos. Assim sendo, este trabalho propõe a utilização da taxonomia para narrativas digitais, criada pela pesquisadora Nora Paul, a fim de classificar e avaliar conteúdos de sites noticiosos. Essa taxonomia foi adaptada para que fosse possível realizar um estudo de caso de posts veiculados no blog “Lazer Esportes”, onde foi possível identificar diferentes formas narrativas em posts intitulados Podcast Lazer Esportes, que tinham como objetivo levantar os principais assuntos da semana de uma forma diferente daquela comumente encontrada nos conteúdos presentes neste blog. O artigo apresenta, ainda, conceituações de termos pertinentes ao tema da pesquisa, como webjornalismo, blog e narrativa digital.
O uso das mídias sociais pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)
Silvane Vieira da Cruz (IEC/PUC Minas) O Núcleo de Comunicação Digital da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) planeja e executa ações em plataformas da Web 2.0. Esse artigo analisa a produção de conteúdo específico para redes sociais – Twitter e Orkut – e para blog e intranet, de acordo com as potencialidades de cada uma. Nas conclusões, observamos que embora a instituição tenha dado um importante passo ao se inserir nessas mídias, ainda é preciso a adequação do conteúdo disponibilizado às especificidades do meio.
Informação e mídias locativas: reflexões sobre a plataforma Iphone Rodrigo Esteves de Lima Lopes (FCL), Magaly Prado (FCL), Daniela Osvald Ramos (FCL) Este artigo tem por objetivo estudar o Iphone como mídia agregadora e produtora de conteúdo escrito e audiovisual. Para tanto, discutimos os diferentes softwares disponíveis para essa plataforma, avaliando suas características técnicas, além de suas possibilidades de interação com o usuário. No caso da imprensa escrita e do vídeo, a interação e a criação por parte do usuário do smartphone não é, certamente o elemento mais levado em conta: nesses dois casos a extensão daquilo que já é divulgado em outras plataformas parece ser o mais relevante. Diferentemente, o áudio possui mais aplicativos dedicados a produção de conteúdo, mixagem e sampleagem, gerando uma revolução profissional. Nesse caso temos não apenas programas de edição e criação no telefone, mas controladores de hardware que permitem expandir a própria mídia locativa para desktops.
As potencializações e especificidades do infográfico multimídia como gênero jornalístico no ciberespaço Adriana Alves Rodrigues (UEPB) A infografia ocupa cada vez mais espaço nas discussões do jornalismo digital em decorrência de suas especificidades e potencializações ao ser transportado para o ciberespaço. Com a finalidade de incursionar por este contexto, este artigo trata da exploração das infografias multimídia dentro do jornalismo digital e seu funcionamento como gênero jornalístico ou cibergênero. Discute os pressupostos para que esta condição seja alcançada em decorrência de suas particularidades no suporte digital e a elaboração das categorias de análises relativas ao relato visual.
Perspectivas conceituais de midiatização na infografia interativa: os exemplos de “O Estado de S. Paulo” e “El Universal” William Robson Cordeiro Silva (UFRN) A convergência entre a sociedade e os dispositivos técnicos constituíram uma nova forma de vida, baseada na cultura da mídia, no estabelecimento de novas práticas, interrelações, alterações nas constituições societárias, de instituições e nas matrizes culturais. A midiatização empreende uma diferenciada dinâmica social, técnica e discursiva, que provocou transformações nas organizações jornalísticas e em suas ferramentas, submetidas a novas lógicas de interação, comunicação e operacionalidades. Com base em exemplos dos jornais latinoamericanos “O Estado de S. Paulo” e “El Universal”, este artigo propõe estabelecer uma relação da infografia interativa nas perspectivas conceituais de midiatização de Sodré, Miège, Braga e Fausto Neto, considerando as novas manifestações sociais mediadas por dispositivos técnicos: a produção jornalística e a participação direta do leitor nos infográficos.
A utilização da comunicação mediada tecnologicamente pelo cidadão sênior Ana Isabel B. Furtado Franco de Abuquerque Veloso (UA) Segundo as Nações Unidas a população mundial está a envelhecer, prevendo um agravamento até 2050. Existem um conjunto de diretivas mundiais para promover as iniciativas do desenvolvimento de tecnologias digitais para ajudar os cidadãos seniores a manterem uma vida autônoma em casa. O projeto de investigação SEDUCE pretende estudar a utilização da comunicação e da informação mediada tecnologicamente em ecologias web pelo cidadão sênior. Este projeto está em desenvolvimento no Dep. de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, e tem como objetivo avaliar o impacto dos efeitos não cognitivos mediante o uso das TIC entre cidadãos seniores em contexto de comunidade social on-line e construir uma comunidade social on-line com a participação do cidadão sénior
quarta-feira, 6 de julho de 2011
ARTIGO: INFOGRAFIA INTERATIVA NA AMÉRICA LATINA
William Robson Cordeiro
Marcília Gomes Mendes
A leitura de três diários – O Estado de S. Paulo, El Nacional e El Universal – evidencia o uso dos infográficos como método eficiente de transmissão da informação, devido ao poder de sua linguagem, a visual.
É cada vez mais presente a utilização do recurso da infografia no jornalismo impresso e on line. É um meio adequado para decodificar com maior velocidade temas que são considerados complexos para a audiência. Os infográficos baseiam-se na representação da notícia a partir de elementos icônicos, ou seja, referentes a imagens, constituindo-se do hibridismo de outros ingredientes da prática do jornalismo, tais como a fotografia, o desenho e o texto. No ambiente da web, são incluídos elementos como animação, vídeo, áudio e recursos de interatividade. Este artigo propõe-se a explanar sobre uma pesquisa em andamento na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia, considerando que esta exposição trata-se de aspectos introdutórios e em desenvolvimento.
A evolução da infografia é desenhada em três estágios, denominada de “gerações” específicas. A primeira geração não se caracteriza tão somente por sua incipiência (ou ausência de maturação), mas pela vinculação direta ao suporte impresso. Assim, atributos como a narrativa sequencial e linear e o formato estático estão diretamente associados a esta primeira fase evolutiva da infografia. As demais fases perpassadas pela infografia moderna, culminando com o estágio no suporte web, base deste projeto, são:
- Segunda fase: envolvida no suporte da internet, baseia-se na multimidialidade dos elementos constitutivos dos infográficos, a saber, “imagens em movimento, gravação sonora, ilustração, fotografia, vídeos e outros recursos interativos” (RODRIGUES, 2009, p. 201). A forma de leitura também se altera em relação aos infográficos estáticos, com variações multilineares, lineares ou não-lineares.
- Terceira fase: tem como propriedade, segundo Rodrigues (2009), a introdução de base de dados na formatação dos infográficos na plataforma web.
Transição para a web
Com o avanço tecnológico, acesso dos indivíduos aos computadores, banda larga, migração de leitores para a plataforma web, os tradicionais jornais impressos iniciam processo de produção de conteúdo digital, agregando os recursos do tradicional jornalismo feito no papel. A infografia é uma das ferramentas que, progressivamente, recorre aos elementos de multimidialidade e promove o surgimento de “profissionais relacionados com esta forma para que os usuários interatuem com as novas tecnologias” (CAIRO, 2008, p.63). A transição buscava a interatividade do indivíduo com o computador, ao recorrer à informação que necessita através da manipulação do infográfico. Este seria o fundamento da “visualização da informação”, termo que, segundo Cardy, Mackinlay e Shneiderman (1999 apud CAIRO, 2008, p.68), traduz-se “no uso de apresentações visuais e interativas de dados abstratos assistidos por computador para ampliar a cognição”. A infografia passa de um elemento estático para ofertar uma possibilidade de investigação para os leitores/audiência.
É o que Sancho denomina de infografia interativa¹ , conceituando como:
- Uma aportación informativa, en la mayoria de los casos sucesiva, que se elabora en las publicaciones digitales, basicamente visuales, pero también audiovisuales, realizada mediante unidades elementales icônicas (estáticas o dinâmicas), com el apoyo de diversas unidades tipográficas y/o sonoras, normalmente verbales (2003:556 apud TEIXEIRA, 2007, p.6)
Para Cairo, a figura do jornalista visual torna-se coadjuvante na interpretação dos dados para o leitor, quando da transposição do meio impresso para o meio digital. No entanto, o mesmo jornalista visual figura-se como protagonista ao proporcionar ferramentas para que o próprio leitor desvende os dados por si mesmo.
O novo panorama que se forma no jornalismo digital, a partir da tomada da infografia interativa, caminha lentamente nos jornais tradicionais, embora se note avanços importantes em títulos de maior alcance popular na América Latina. Entre os tais estão: O Estado de São Paulo (www.estadao.com.br), com uma tiragem na versão impressa de 217.414 exemplares (média de 2009, segundo o Instituto Verificador de Circulação - IVC), que figura entre os quatro mais importantes do Brasil e mantém uma seção específica de infografia em seu sítio; El Nacional (www.el-nacional.com), de Caracas, que desenvolve infográficos multimídias na internet e evidencia como o diário mais importante da Venezuela, com tiragem de 150 mil exemplares; e El Universal (www.eluniversal.com.mx), da Cidade do México, fundado em 1º de outubro de 1916 e que, segundo o canal institucional do diário em sua página na internet, “é um dos sítios em espanhol de maior tráfego do mundo. Dados de 2007 apontam que o jornal obteve 3,2 milhões de usuários únicos, 105 milhões de páginas vistas e 1,6 milhão de downloads de vídeo”. Na versão impressa, a tiragem é de 300 mil exemplares diários.
Reprodução de vídeo do infográfico sobre os 25 anos do terremoto no México (El Universal – setembro de 2010)
Tais diários foram escolhidos baseados na questão de colonização diferente entre eles, ou seja, a relação de um jornal de língua portuguesa com dois de língua espanhola, sendo que um deles está fora do ambiente geográfico da América do Sul. Os dois jornais de língua hispânica também são importantes por figurarem no Grupo dos Diários América, entidade que congrega os 11 principais periódicos da América Latina (no Brasil, inclui-se O Globo).
Os dinossauros brasileiros (O Estado de S. Paulo – agosto de 2010)
Eleições parlamentares na Venezuela (El Nacional – setembro de 2010)
As três publicações mantêm identidades comuns quanto às noções de ética e prática jornalísticas latino-americanas, no que concerne à independência do Estado e dos poderes, “tendo o direito de reportar, comentar e criticar as atividades dos agentes do poder, inclusivamente dos agentes institucionais” (SOUSA, 1999). Do mesmo modo, são comuns as rotinas produtivas, o uso das novas tecnologias e de recursos como a infografia interativa.
Mudanças no jornalismo
Sousa e Lima (2005, p.3) mencionam que o jornalismo é histórica e, essencialmente, uma representação “discursiva e selectiva da vida, que, como todos os discursos sobre a realidade, mostra, evidencia e focaliza na mesma medida que oculta”. Assim, a infografia tem sido testemunha da acomodação dos diários impressos aos avanços da tecnologia e acompanhado as mudanças no jornalismo, na medida em que a televisão conquistava uma parcela cada vez maior da audiência, com impacto direto nos jornais impressos. A ênfase do uso dos infográficos passou a ser maior. Como exemplo no Ocidente, o USA Today dinamizou a transmissão de dados informativos com a utilização massiva dos infográficos na década de 80. Cairo (2008, p.52) atesta que o periódico inclinava-se ao perfil do leitor ocupado, com pequena disposição de ler jornais e que “estava muito acostumados a obter suas notícias pela televisão”.
O paradigma de diário pós-televisivo, apontado por Cairo (2008) e desenvolvido pelo USA Today, apoiava-se na informação visual com propósito de apreender o leitor. Pablos (1999 apud SCHMITT, 2006, p.38) explica que o cenário marcava-se por “perda continuada de leitores, a incorporação nula de jovens e a presença de uma TV cada dia mais universal, em uma sociedade cada vez mais global”. Hoje, nota-se a presença do diário na plataforma web, recorrendo a infográficos, em processo social que assemelha-se ao enfrentamento com a TV.
Ao observar este caminho, entende-se que o surgimento da infografia jornalística, por si só, é sintomático no que se refere ao funcionamento dos diários impressos e, agora na internet, e torna-se mais comum também no cotidiano da vida social, o que instiga a investigação acerca deste tema. Os infográficos apresentam-se como método eficiente de transmissão da informação, devido ao poder de sua linguagem, a visual.
Outro aspecto que inclina ao desenvolvimento desta pesquisa em andamento baseia-se na concepção de que os estudos sobre infografia (estática e interativa) no mundo são recentes e no Brasil não há ainda livros específicos acerca deste tema considerado complexo no campo da comunicação. Sobretudo, no universo latino-americano.
Os três diários (O Estado de S. Paulo, El Nacional e El Universal) estão entre os principais em suas regiões, são detentores de prestígio na América Latina. Foram escolhidos por utilizarem a ferramenta infográfica na transmissão de notícias na internet, o que leva à hipótese de um perfil de leitor muito semelhante ou com identidades comuns na América do Sul e América Central.
Referências
CAIRO, Alberto. Infografia 2.0 - visualización interactiva de información en prensa. Madrid: Alamut. 2008
William Robson Cordeiro é mestrando do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na Área de Concentração Estudos da Mídia - Linha de Pesquisa Práticas Sociais. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) E-mail: williamrobson@folha.com.br
Marcília Gomes Mendes é professora-doutora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
¹André Lemos (1997 apud PRIMO E CASSOL, 1999, p. 3) compreende por interatividade como uma nova forma de interação técnica, de característica eletrônico-digital, uma ação dialógica entre homem e técnica. “Por outro lado, pensa que o que se vê hoje com as tecnologias digitais não é a criação da interatividade propriamente dita, mas sim os processos baseados em manipulações de informações binárias”.
domingo, 19 de junho de 2011
PARA UMA ECOLOGIA DA MÍDIA 2: Materialidades da comunicação e Teoria do Ator-Rede
A sociedade e a natureza necessitam ser observadas sob o princípio de uma simetria generalizada, que não vislumbra grandes divisões, que torna híbrida a presença de humanos e não-humanos, um processo apontado por André Lemos (foto acima) como “não simplificada ou dicotômica das relações sociais” (2010. p.4). Trata-se do princípio de Bruno Latour e Michel Callon denominado de Teoria do Ator-Rede, termo que o próprio Latour não concorda, por não abarcar as complexidades inerentes ao seu pensamento. Esta teoria consiste na derrubada de separações historicamente construídas em circunstâncias até mesmo científicas que estabeleceram dois mundos: o das coisas e o dos homens, sendo necessária uma explicação que integrasse a ambos, e uma investigação capaz de conceder importância equivalente, “estudando-os ao mesmo tempo” (FREIRE, 2003, p.49).
Sendo considerada ora uma metodologia, ora uma teoria, a Teoria do Ator-Rede reestrutura formas de pesquisas e de observar objetos, ações e sujeitos dentro de um “território informacional”, assinalado por Lemos, contribuindo para a “abolição do pensamento dualístico” observado até então nos estudos sociológicos. A teoria incorpora a interação de humanos e não-humanos tornando estes últimos mais que meras extensões do homem. Law, citado por Freire, enuncia que “quase todas as nossas interações com outras pessoas são mediadas através de objetos, como telefone, internet e carta” (p.49) e, que assim sendo, mostra que o aspecto do social é delineado por uma “rede heterogênea, constituída não apenas de humanos, mas também de não-humanos, de modo que ambos devem ser igualmente considerados”.
Latour (foto ao lado) recomenda que o exercício desta teoria está diretamente imbricada com o seu conceito de tradução, dispositivo necessário para tornar simétrica a interpretação dos atores. Tradução tem o sentido linguístico de transpor de um idioma para outro, o que para Latour segue o mesmo princípio, mas sob a ótica geométrica, de transpor de um lugar para outro. “Significa oferecer novas interpretações desses interesses e canalizar as pessoas para direções diferentes”, explica. Conclui-se que a base da construção de uma “antropologia das ciências”, de uma “sociologia das associações” em confronto com a “sociologia do social”, vai de encontro com uma separação das coisas do mundo ou da prevalência do homem sobre as coisas.
Na Teoria do Ator-Rede, Latour prefere a expressão “actante” a “ator”, visto que ator se limita a humanos enquanto o outro amplia para os não-humanos. Do mesmo modo, é ampliada a noção de rede, saindo da lógica de conexões, interligações de pontos distintos e separados, estabelecendo uma analogia ao rizoma (de crescimento múltiplo e horizontal), “uma totalidade aberta capaz de crescer em todos os lados e direções, sendo seu único elemento constitutivo o nó” (MORAES, 2000, apud FREIRE, p.56). Rede não significa conexões, mas vínculos, canal de fluxos, actantes em constante relação. Por esta razão que Latour também critica o hífen na expressão “ator-rede”, porque parece já instituir uma nova divisão, aniquilando o processo substancial da rede. Outros nomes foram pensados por Latour para esta teoria: “sociologia da tradução”, “ontologia do actante-rizoma” e “sociologia da inovação”.
O teórico propõe apontar que a “sociologia do social não é mais capaz de delinear as novas associações de atores” (2006. p.11) e que a Teoria Ator-Rede (ou ANT, em inglês) teria a capacidade de construir este reagrupamento de matrizes sociais. “É preciso seguir os próprios atores, quer dizer, tentar lidar com suas inovações muitas vezes indomáveis, de modo a aprender com eles o que a existência coletiva se tornou nas suas mãos, que métodos é que elaboraram para a ajustar, e quais são os relatos que melhor definem as novas associações que foram obrigados a estabelecer” (2006, p. 11).
O pensamento de Latour, ao tensionar com a infografia interativa, levanta alguns questionamentos sobre a interrelação do objeto de pesquisa com atores não-humanos. Sobretudo quanto a alterações sociais provocadas com a mediação deste instrumento e dos dispositivos técnicos inseridos neste “território informacional”. É possível estabelecer relação à experiência de Lemos com as mídias locativas, considerando que a infografia representa forma simbólica disponível numa infra-estrutura técnica, ou seja, “as materialidades do processo e os atores-rede em modos de mediação”. Hanke mostra que “falar em “materialidades da comunicação” significa ter em mente que todo ato de comunicação exige a presença de um suporte material para efetivar-se” (2005, p. 6).
A relação dos dispositivos técnicos e a sociedade remete ao pensamento de Bernard Miège. As TIC (Tecnologias digitais de Informação e Comunicação) reforçam este aspecto social, de produção, consumo e interrelacionamento entre os indivíduos. Com o incremento das TIC, a própria designação da sociedade da informação ficou mais ampla, abarcando características da modernidade. E para compreender a visão de Miège sobre esta nova sociedade no campo da comunicação, é preciso considerar: a informacionalização; a promoção das tecnologias e das redes como fator dominante ao conteúdo; a modificação e a expansão dos sistemas midiáticos; e o controle transnacional do fluxo de informação e comunicação.
O autor mostra que a comunicação moderna não engloba apenas a comunicação pessoal, mas observa o que ele conceituou como “comunicação/informação” (uma das propostas para posicionar a técnica), a partir da observação de uma sociedade midiatizada iniciada em meados do século passado. O conceito de comunicação/informação está associado a uma articulação entre os dois, que supera a visão ideológica ou de manipulação da comunicação, mas vê também que a informação é meio de interação entre os atores sociais. As TIC reforçam esta relação, impregnando-se na sociedade (tecnodeterminismo) e nas redefinições (a formação do self media, por exemplo, p. 48). É o que Miége trata de "dupla mediação", em que a mediação é ao mesmo tempo técnica e, ao mesmo tempo, social, sendo esta uma de suas propostas para posicionar a técnica, além da “temporalidade” e “a questão da inovação” que observa a contribuição das TIC tanto na construção do social, quanto a ruptura e as mudanças de paradigmas. (2009 p. 58).
REFERÊNCIAS
LEMOS, André. Você está aqui! Mídia locativa e teorias “Materialidades da Comunicação e “Ator-Rede”. GT “Comunicação e Sociabilidade”, XIX Encontro da Compós, Rio de Janeiro: UFRJ, junho de 2010. 17 páginas.
FREIRE, Letícia de Luna. Seguindo Bruno Latour: notas para uma antropologia simétrica. Comum - Rio de Janeiro - v.11 - nº 26 - p. 46 a 65 - janeiro / junho 2006.
LATOUR, Bruno. Como prosseguir a tarefa de delinear associações?. Configurações, nº 2, 2006, pp. 11-27 .
MIÈGE, Bernard. Quatro propostas para posicionar a técnica. In: ____. A sociedade tecida pela comunicação. São Paulo: Paulus, 2009, p. 45-62.
HANKE, Michael Manfred. Materialidade da Comunicação – Um conceito para a ciência da comunicação? In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 28. 2005. Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: Intercom, 2005. Disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R0680-1.pdf. Acessado em 12 de junho de 2011.
domingo, 12 de junho de 2011
PARA UMA ECOLOGIA DA MÍDIA: redes sociotécnicas, tecnointerações, convergências, remediação, midiamorfose, transmídia
O exemplo que Marshall McLuhan oferece sobre a luz elétrica para explicar a expressão “o meio é a mensagem” é sobremodo oportuno: “Pouca diferença faz que seja usada uma intervenção cirúrgica no cérebro ou para uma partida noturna de beisebol. Poderia objetar-se que essas atividades, de certa maneira, constituem o “conteúdo” da luz elétrica, uma vez que não poderiam existir sem ela” (2000, p. 22). A luz elétrica é um meio, seu reflexo também pode enquadrar-se como meio e este é a mensagem. Aspectos simbólicos devem ser considerados na configuração desta mensagem e também do meio, visto que sua diversidade não é percebida por muitos. O autor mostra casos como a IBM que notou que, além de uma indústria de máquinas e equipamentos para escritório, poderia ser uma corporação de processamento de informação.
Ou seja, a ótica de McLuhan leva a reconfigurar as noções de meio e de mensagem. A título de exemplo, emerge a situação pela qual passa os jornais impressos, seu processo de encolhimento ou de “recuo”, como assinalado por Carlos Alberto Scolari (foto). Empresas buscam saída para a manutenção deste suporte, para a sobrevivência do modelo de papel, não considerando que o meio-mensagem é o jornalismo e este é o meio de comunicação, como assinala McLuhan. Se o suporte é o meio e se o seu conteúdo também é o meio, trata-se de uma concepção “total instantânea”, que pode bem adaptar-se ao exemplo da infografia interativa – como meio de comunicação posto em plataforma web.
São apenas colocações práticas para apontar a reflexão de McLuhan sobre o meio e a mensagem. No entanto, ele faz desdobramentos sobre as causas na sociedade, na formação cultural de nações (inclusive, observa que o meio sempre está associado às matrizes culturais) e estabelece um comparativo da tecnologia elétrica com a “tecnologia de Gutenberg”, sinalizando para perigos e ameaças. “Estou na mesma posição de Pasteur ao dizer aos doutores que seu maior inimigo era perfeitamente invisível - e, perfeitamente irreconhecível por eles” (p.33). McLuhan faz analogia do conteúdo de um meio à uma bola de carne que o assaltante joga para o cão da mente, na intenção de dispersá-lo, reafirmando o poderio deste conteúdo, que é a “mensagem”.
“Estruturas de percepção” é um conceito assinalado no texto de McLuhan, “O Meio é a Mensagem”, para demonstrar que os efeitos da tecnologia é sobremaneira impactante, que não oferece aos seus envolvidos qualquer resistência. Como o Japão aderiu ao sistema monetário no século XVII, a tipografia, a imprensa envolveu-se na sociedade ocidental de tal forma que transformou-se em extensões incondicionalmente necessárias para os indivíduos. “Essa mudança (seja pelo monetário ou pela tipografia) não depende de aprovação ou desaprovação dos membros constituídos da sociedade”, aponta o autor (p.34). Os meios de comunicação estabeleceram em seus usuários uma situação de prisioneiros de prisões sem muros.
Os meios, inseridos na sociedade como extensões dela, se ampliam num sistema mencionado por alguns autores de “ecológico”. Trata-se de um conceito análogo ao processo biológico, ofertando condições de compreender o estado dinâmico da mídia. Um destes autores é Carlos Alberto Scolari que, ao explanar sobre o conceito, alertou que trata-se de uma metáfora elaborada por McLuhan e Neil Postman no final dos anos 60 e descrita sob duas duas vertentes: “os meios como um “medium”, um ambiente ou entorno natural de onde os seres humanos movem e vivem sem perceber a sua existência” e “os meios como espécies que vivem dentro de um ecossistema” (p. 3-4). Scolari acredita que esta metáfora pode oferecer muitas reflexões sobre os meios.
Uma destas reflexões pode partir do modelo de jornalismo impresso, uma espécie da ecologia midiática, que enfrenta pressões e ameaças da mídia digital que obriga a sua transformação, adaptação ou sua extinção. O modelo de infográficos aplicados neste suporte, neste meio que intenta adaptar-se no ambiente web (ou estaria sofrendo processo de canibalismo por espécies predadoras?) estaria se deslocando para uma outra espécie desta ecologia ou transformando-se? Scolari atenta para o aspecto dinâmico destas mudanças, a partir do cenário de midiatização das cidades, da conectividade constante, o conceito de “tecno-urbano” em que as cidades buscam oferecer praças e locais com internet aberta, e o princípio da convergência (a interrelação das mídias).
A ecologia midiática expõe um momento de transformação permanente com o incremento de novos meios e tecnologias, transformação que gera convergência, experiências e fenômenos que vão além de um único meio, mantendo relações com outros, o que especificamente isso para Scolari é conceituado de “dinâmicas transmidiáticas”.
Um exemplo deste processo é mostrado por Yvana Fechine (foto ao lado) ao fazer uma relação da interatividade e a TV digital. “Os reality shows, como o Big Brother, podem ser considerados os primeiros formatos bem sucedidos de convergência midiática, podendo ser apresentados simultaneamente na TV aberta, 24 por dia em canais por assinatura e na internet” (CASTRO apud FECHINE, 2009, p.154). Fechine apontou este caso diante das várias discussões sobre como a TV digital implementará interatividade com receptores sem perder sua vocação do “ver junto” e de elementos do “tempo público” (citado por Dominique Wolton), que não se encontram na internet.
O procedimento da internet, segundo Fechine, baseia na individualidade (na “solidão interativa”) e no agenciamento, conceito de Janet Murray que significa o “usuário realizar ações significativas e ver os resultados de suas decisões e escolhas sobre um objeto que é alterado dinamicamente de acordo com sua participação” (2003, p. 127-128, apud FECHINE, 2009, p.152). Em angulação com o infográfico interativo, tal conceito descreve basicamente todo o processo de sua natureza, que oferece condições para o produtor (infografista) estabelecer “estratégias de roteirização”, ou seja, rotas prévias a serem percorridas pelo usuário. Fechine demonstra que este usuário é um “interator” que age explorando este ambiente em busca de respostas diante de suas intervenções. “Se os textos surgem no próprio ato de navegação, a partir de decisões pessoais, cada interator produz e frui a “sua história”, abrindo mão de um conteúdo compartilhado e privilegiando a escala individual da comunicação” (p.152).
REFERÊNCIAS
McLUHAN, Marshall. O meio é a mensagem. In: ____. Os meios de comunicação como extensões do homem. 10 ed. São Paulo: Cultrix, 2000, p. 21-37.
SCOLARI, Carlos A. Hipermediaciones (o cómo estudiar la comunicación sin quedar embobados frente a la última tecnología de California) - Entrevista a Damián Fraticelli. Revista Lis - Letra Imagen Sonido - Ciudad mediatizada. Año III # 5. mar-Jun. 2010. Bs. as. uBaCyt. Cs. de La ComuniCaCión. FCs/uBa, p. 3-11.
FECHINE, Yvana. A programação da TV no cenário de digitalização dos meios: configurações que emergem dos Reality Shows. In: FREIRE FILHO, João (org.). A TV em transição. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 139-170.