Os teóricos da comunicação têm atribuído datas diferentes de origem da internet, embora estejam de acordo quanto ao seu objetivo inicial. Pollyana Ferrari cita em seu livro "Jornalismo Digital" que a internet foi concebida em 1969. Já Antônio Costella, por sua vez, afirma que a internet começou a surgir no final da década de 1950. Embora os dois autores diferenciem em seus estudos quanto à época de surgimento da rede, ambos concordam quanto a sua finalidade nesse período. A Internet servia de instrumento para o Departamento de Defesa norte-americano nas pesquisa de informações do serviço militar em meio aos tempos de Guerra Fria.
Depois de vários testes entre regiões distantes dos Estados Unidos, em 1975, a Agência de Comunicação e Defesa ganhou o controle da Arpanet, rede nacional de computadores que servia de comunicação emergencial caso os Estados Unidos fossem atacados por outro país. Assim, a troca de dados teve um crescimento considerável, chegando a novos usuários, principalmente os pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa.
No final da década de 1980, muitos computadores já estavam interligados em todo o mundo, abrangendo o alcance da rede em cerca de 80 países, inclusive o Brasil, que deu início a difusão da internet em seu território no ano de1990 por meio da Rede Nacional de Pesquisas. Nesta época, os consumidores em potencial dessa novidade eram preferencialmente as instituições de ensino ou educacionais.
A expansão dos usuários da internet no planeta foi inevitável frente as facilidades que ela oferecia aos consumidores. Para se ter uma ideia de como o serviço foi aceito pela população mundial, o número de computadores conectados entre si subiu de 1,7 milhões de em 1993 para 20 milhões quatro anos depois. Em 1996 já eram 56 milhões de usuários em todo o mundo, a maioria ainda concentrado nos Estados Unidos, local de origem da internet.
A chamada Web 1.0 está configurada aí, quando a rede passou a ser utilizada como negócio para as empresas, onde os serviços de mensagens instantâneas e os e-mails eram uma grande novidade e isso significava agilidade e barateamento dos custos. Como o serviço de Web era caro, poucas pessoas tinham acesso à internet, o que a tornou numa rede onde o conteúdo era produzido por especialistas, atualizado por especialistas e alguns outros internautas tinham acesso na rede.
Eu lembro bem quando a internet chegou em Mossoró, através das linhas discadas em 1996, e como trabalhava num jornal, nós na redação não sabíamos ao certo qual seria a sua finalidade. No início, a web era utlizada por nós apenas para transmissão de dados e acesso a algumas páginas de empresas como o Zaz (hoje o Terra) e o Uol. Até mesmo o conteúdo destes sites era experimental. Os jornais começaram a explorar a rede, reproduzindo a versão impressa, de forma integral, para o computador. Acreditava que teria uma maior abrangência, mesmo ciente de que em Mossoró (RN), onde eu moro, o número de computadores ligados na rede eram muito pouco – não chegando a 500.
Essa primeira fase da internet foi formatada a partir de um compartilhamento de conteúdo limitado, em que corporações buscavam manter negócios na rede, criando a famosa "bolha das empresas pontocom", que estourou poucos anos depois.
A Web 2.0 é uma mudança de comportamento. Em meio à revolução digital, onde a internet surge não como uma mídia, mas como uma plataforma que alterou todos os segmentos sociais e práticas do cotidiano, a rede passou a ser tão comum quanto ligar a TV ou rádio. O grande número de usuários (cerca de 1 bilhão no mundo inteiro) também alterou a rede. Hoje, esses usuários são produtores de conteúdo, compartilham material e não são mais meros passivos diante das estratégias corporativas da Web 1.0. O fator de democratização da rede foi o contribuinte principal para o estabelecimento deste novo modelo de Web.
Os blogs, Flickr, Orkut, Youtube e Twitter colocaram qualquer pessoa no ciberespaço, emitindo opiniões, questionando, divulgando material, interagindo com outras pessoas, encurtando caminhos, a qualquer hora ou lugar. A Web 2.0 são todas estas pessoas. A Web 2.0 mexeu com setores como a música, o cinema, a TV, os jornais... Este novo consumidor não quer se sentir obrigado a sentar na frente da TV naquele horário predeterminado para ver o seu programa favorito. Ele é quem decide o horário para assisti-lo. Ele também não quer receber as notícias do jornal no papel destacando informações do dia anterior. Ele quer a notícia na hora do acontecimento, em tempo real, comentada, com fotos, vídeo e áudio. E esse novo comportamento está afetando diretamente estes mercados, que já precisam perceber a internet, a Web 2.0, como solução para seus negócios.
Portanto, estamos no olho do furacão, como disse o professor Rosental Calmon Alves em sua palestra em São Paulo no Congresso Nacional de Jornais, no ano passado, e os novos consumidores da rede são também produtores. Uma relação nunca antes vista e que sequer os especialistas da Web 1.0 poderiam prever.
domingo, 10 de maio de 2009
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