Para Silverstone, a mídia é um processo de mediação, que implica, não apenas no movimento de significados, mas nas transformações destes significados em todos os seus estágios. Esta circulação gerada pela mídia também tem a colaboração dos indivíduos em sua relação da mídia com a experiência (como citado no texto anterior). Quer dizer, a meciação é a circulação de significados. O autor acrescenta que esta circulação é mais que o esquema proposto por Lazarsfeld e Katz, no conceito denominado two step flow - ou o fluxo em dois passos -, em que a informação esbarra nos líderes, que repassam aos indivíduos.
Os significados circulam em toda a produção da mídia e tais significados são consumidos e produzidos pela audiência. Desta produção, surgem as ações, interações, relações com o mundo (mundo este apontado por Silverstone como o “mundo da mídia, o mundo mediado, o mundo da mediação”). Neste mundo complexo, é complexo também entender o poder da mídia, diante da sua presença simbólica na sociedade e a relação desta com a mídia. E pesquisar este tema traduz-se em analisar a mídia estando dentro dela. O pesquisador está inserido dentro desta cultura midiática e sua produção significam, do mesmo modo, produto do processo de mediação. E faz um comparativo: “somos linguistas tentando analisar a sua própria língua” (p.34). Desvencilhar-se disso é o mesmo que o homem sair do alcance de sua sombra, como aponta Steiner.
A mediação trata a significação como o movimento hermenêutico de uma tradução. Uma relação que consiste em quatro pontos: confiança (valor de que quer compreender o que é traduzido), agressão (pela apropriação, pela suposta posse de seu significado), apropriação (levar os significados para casa) e restituição (a forma com o tradutor devolve o significado). Como mostra Luís Borges, “nenhuma tradução pode ser perfeita”. Portanto, nenhuma mediação também é perfeita.
Silverstone afirma que é preciso compreender todo o processo de mediação, como os significados são construídos e quais as suas consequências. E perceber também quando este processo é falível e quando estes significados são deturpados por força tecnológica ou de propósito com fins de atender a interesses do poder, de indivíduos ou instituições.
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