Silverstone aponta que a mídia não é a medida de todas as coisas e que existem nos usuários a capacidade de discernimento na ação midiática, de fazer distinção entre realidade e fantasia e de preservação de distância com a mídia, o que implica em procedimento diferente da influência dos meios.
Por não ser a medida de todas as coisas, a mídia precisa ser investigada em função da experiência, do empírico, que contribui para sua formação. E vice-versa, como a experiência age na formação da mídia. Isto faz lembrar da corrente que ganhou força nos anos 80, a da hipótese dos Usos e Gratificações, modificando o conceito anterior da pura influência da mídia nas pessoas para um comportamento ativo da audiência. Ou seja, uma troca sinérgica que molda a mídia e a experiência.
Se a experiência é formada e a mídia exerce um papel em sua formação, Silvestorne questiona: como procede? A começar, a expressão corporal, que nos dá lugar na vida e oferece condições para a mídia introduza, sob o aspecto da habilidade. Ou seja, “nossa capacidade de de nos envolver com a mídia é precondicionada por nossa capacidade de manejar a máquina” (p.28) Seriam as extensões do homem, uma intimidade visceral, que faz confundir o que é humano e o que é tecnico.
Outro ponto desta formação baseia-se na psicanálise, dos significados, do inconsciente, “dos territórios ocultos da mente”. Como salienta Silverstone, “a experiência, tanto a mediada como a da mídia, surge na interface do corpo e da psique” (p.30), ou melhor, no social e nos discursos. O cotidiano da experiência é retratada nas narrativas mídia, seja no noticiário jornalístico, seja na produções ficcionais como reflexo do dia-a-dia social. O discurso da mídia, com base nas relações do cotidiano, e o discurso social deste cotidiano são interdependentes, entrelaçam-se, e proporcionam forma à experiência. Assim, o entrelaçamento envolve o público e o privado.
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