Douglas Kellner é um ferrenho defensor dos Estudos Culturais Críticos, ao ponto de preocupar-se com a situação que tais estudos estão alcançando em vários países. Segundo ele, os Estudos Críticos estariam perdendo o cunho crítico e político, tornando-se inofensivo e até mesmo, defensor dos interesses da indústria cultural. Para evitar que os Estudos Culturais percam-se em seus propósitos, Kellner aponta um caráter multiperspectívico da pesquisa, observando aspectos dos produtores culturais, da significação do texto e da reação da audiência.
É, neste ponto, que Kellner recorre ao Materialismo Cultural, que aborda a relação da mídia e cultura e faz “análise de todas as formas de significação dentro dos reais meios e condições de produção”, numa definição de Raymond Willliams (foto ao lado, p.63). Significa que, para fazer uma análise da cultura da mídia, é importante – com base no materialismo cultural – situar o objeto entre seu modo de produção, atuação e consumo. O autor ressalta a importância da economia política neste caso, que “constrange ao que pode e não pode ser produzido, que impõe limites e possibilidades para a produção cultural” (p.64).
Então, a base dos Estudos Críticos Culturais surge quando nota-se que a produção da mídia tem relação com as estruturas de poder e de dominação, servindo para reprodução de significados dos poderosos. Porém, tal produção capacita à audiência também de resistir e de lutar.
O enunciado de Kellner perpassa ainda pelo foco do Materialismo Cultural, quanto aos efeitos dos receptores. “Os textos da mídia seduzem, fascinam, comovem, posicionam e influenciam seu público” (p.64). Fica fácil compreender que o Materialismo Cultural vê como os textos culturais agem na audiência, qual a significação oferecida, de que maneira atua sob o público, mas também observa as reações contra-hegemônicas, de como elas manifestam-se também apresentadas na cultura da mídia (por exemplo, os filmes de Spike Lee e o rap do Ice T).
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