terça-feira, 12 de outubro de 2010

TECNOCULTURA E IMPERIALISMO

Parei para observar duas páginas do livro de Muniz Sodré e considerei oportuno registrar aqui aspectos da influência midiática sob o ponto de vista sociológico: como os meios atuam na formação da realidade social, desde as chamadas mídias tradicionais (ou lineares) ao novo modelo em rede, baseada na interação, nas conexões e na possibilidade de criação de espaço e tempo virtuais.
Percebe-se que existe uma relação sociológica homogênea no campo das mídias (linear e em rede), sobretudo, quanto aos impactos e aos efeitos, aí incluem os políticos, no âmbito da sociedade. E como isso se concretiza? A mídia funcionando como agendamento, a conhecida hipótese americana do agenda-setting, da Teoria Funcionalista. Muniz menciona: “A palavra agenda é, em latim, um particípio futuro passivo: “as (coisas que) devem ser feitas”. Agenda é organizar a pauta de assuntos suscetíveis de serem levados em conta individual ou coletivamente” (p.27)
A tecnocultura constitui-se como uma mudança nas formas tradicionais de sociedade, como especificado no “quarto bios”, da realidade midiatizada, da inclusão de uma nova vida a partir do virtual. Mas, Sodré esclarece que, sob o ponto de vista de poder, a tecnocultura é semelhante à midia tradicional sob aspectos político-imperalista. A tecnocultura também é um vetor da globalização ou neoliberalismo e do capitalismo no Ocidente, submetendo-se aos princípios hegemônicos dos Estados Unidos. Tal hegemonia caracteriza-se pela capacidade norte-americana de pautar a agenda midiática no Ocidente e oferecer produtos desta economia baseados na mídia.
Esta postura imperalista norte-americana ampliou-se na virada do milênio, com a expansão do neoliberalismo no mundo, dos objetos midiáticos que formatam o agendamento que apregoam sua ideologia e reforçam seu poder.
Sodré faz uma analogia interessante dos métodos aplicados por impérios em seus tempos: “Se o Império Romano dominou o mundo pela espada e pelos ritos, o Império Americano controla pelo capital e pela agenda midiática do democratismo comercial (informação, difusionismo cultural, entretenimento). Não há nada de verdadelramente “libertário” nos ritos do rock´n roll e do consumo, há tão-só coerència liberal" (p.28)

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