terça-feira, 6 de outubro de 2009

Artigo do padre Américo

Como editor do Jornal de Fato, propus para o monsenhor Américo Simonetti, que faleceu neste final de semana, que escrevesse um artigo por semana sempre aos domingos. Isso aconteceu em 2005. Esta relação durou mais de um ano. Um dos artigos publicados, reproduzo agora.


Infelizes chamados felizes
MONSENHOR AMÉRICO SIMONETTI
Hoje, para nossa reflexão, está um trecho do Evangelho de Mateus: 5, 1-12. São chamados de "felizes" pessoas e categorias de pessoas que normalmente são chamados "infelizes".
Esta passagem do Evangelho caracteriza-se pela repetição do adjetivo "bem-aventurados", o qual significa "felizes", que vem sempre no início de todas as oito proposições:
"Bem-aventurados, os pobres de espírito..."
"Bem-aventurados os mansos..."
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça..."
"Bem-aventurados os misericordiosos..."
"Bem-aventurados os puros de coração..."
"Bem-aventurados os que promovem a paz..."
"Bem-aventurados os que são perseguidos..."
Como entendemos as bem-aventuranças? O que elas representam e dizem para nós hoje? Nós somos pessoas felizes? A nossaa felicidade consistem em quê?
A filosofia que impera no mundo é a filosofia do prazer e do bem-estar. Na mentalidade do mundo, é feliz quem é rico, é feliz quem é poderoso e domina os outros, é feliz quem tem fartura de tudo.
A visão que Jesus nos ensina é diferente. A verdadeira felicidade não está nestas coisas. Está na humildade, na simplicidade, no acolhimento tranqüilo da vida, em nunca perder a fé e a confiança em Deus que nos ampara. Até nas perseguições enfrentadas por amor à justiça, ressoa, para o Justo, a grande palavra de Deus: "alegrai-vos e exultai pois é grande no céu a vossa recompensa".
Já aqui na terra há uma íntima felicidade para que abraçam a lição das bem-aventuranças. E muito mais felizes serão um dia, para sempre, no céu. Serão "bem-aventurados": esse é o estilo luminoso e sereno da felicidade dos que um dia estarão para sempre na Casa do Senhor.
As bem-aventuranças não se limitam a repetir os princípios da fé ou exortações para confiar em Deus. Elas afirmam com simplicidade mas também com muita decisão, que uma coisa nova começou neste mundo. A felicidade que aqui é atribuída às várias categorias de pessoas, não é considerada somente como promessa para o futuro, mas é afirmada como realidade agindo no presente.

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