domingo, 29 de maio de 2011
MIDIOLOGIAS I
domingo, 22 de maio de 2011
TEORIAS DA MEDIAÇÃO E DA MEDIATIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
domingo, 15 de maio de 2011
PERSPECTIVAS CULTURAIS DOS PROCESSOS MIDIÁTICOS
domingo, 8 de maio de 2011
PERSPECTIVAS DISCURSIVAS DOS PROCESSOS MIDIÁTICOS
A informação traz em sua essência a subjetividade e os discursos, embora existam os que creem na informação de caráter apartidário, o que na visão de Charaudeau é um avaliação ingênua. Ingênua porque transformaria a informação em apenas um elemento inserido em uma socidade tecnicista, como na contestada Teoria da Informação. Por esta abordagem teórica, a relação emissor-receptor na transferência da mensagem foi a base dos estudos da teoria informacional, desde Shannon e Weaver (1945), quando sua Teoria Matemática da Informação destinava-se tão somente analisar o sistema de transmissão da informação via canais físicos, como telégrafo, telefone e rádio.
O objetivo das pesquisas era observar a quantidade de informação transmitida por um canal, considerando outros aspectos como falhas e distorções. A finalidade era determinar numericamente a porção de informação recebida pelo usuário. Nota-se que tal processo visava uma finalidade técnica, cuja essência passou a ser empregada por outros campos de estudo.
A Teoria da Informação estruturou o esquema baseado na fonte de Informação-canal-recepção, justaposto para outras áreas de conhecimento como as ciências humanas. Mas, o modelo, em si é inocente como aponta Charaudeau, por desconsiderar aspectos sistêmicos da linguagem, da construção da informação. No processo de transmissão da informação, o emissor precisa interpretar os dados que ao serem encaminhados ao receptor necessariamente não significará que a sua interpretação será a mesma da origem. Tal procedimento não passa de um modelo fechado “instaurando uma relação simétrica entre a atividade do emissor, cuja função seria “codificar” a mensagem, e a do receptor, cuja função seria “decodificar” a mesma mesma mensagem” (p.35)
Sob aspectos da mídia, a informação é a matéria-prima da notícia e para que este produto seja comercializado para o maior número possível de indivíduos, é feito o uso de vários tipos de discurso com a finalidade de alcançar seus objetivos. Para isso são utilizados os discursos informativo (voltado à transmitir o saber), o propagandista (para seduzir e persuadir o alvo), o científico (que exige uma prova racional), o didático (com o objetivo da explicação).
Ao ler este texto e estabelecendo um tensionamento com o objeto de pesquisa (os infográficos), nota-se que há uma imbricação do discurso informativo e didático com a finalidade de ofertar a informação para uma maior quantidade possível de indivíduos. Para que isso seja possível, cumpre-se a atividade da “vulgarização”, que como assinala Charaudeau “é, por definição, deformante”. Transmitir a informação de maneira que possa ser compreendida pela maioria das pessoas. Embora a vulgarização seja mais evidente na televisão, Charaudeau não exime a imprensa e o rádio deste processo.
Surge uma questão: a infografia, por seu caráter explicativo, estaria enquadrado neste processo de vulgarização, considerando que Sancho (2000 apud CAIRO, 2008, p.21) define infografia como “uma contribuição jornalística, realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite ou facilita a compreensão dos acontecimentos, (...) e acompanha ou substitui o texto informativo”? Observando o texto de Charaudeau, sim, entendendo que o objeto ajusta-se num “quadro de inteligibilidade acessível” (p.62). A informação infográfica é, por assim dizer, deformante?
Vulgarizar, facilitar a transmissão da informação, implica também na transferência de conteúdo simbólico. Este conteúdo é assimilado pela audiência/leitor através dos signos linguísticos, da estrutura da linguagem (ou, para a semiologia, sistemas sígnicos mais amplos). A linguística é a base do estruturalismo e, como aponta Mattelart “tem a tarefa de estudar as regras desse sistema organizado por meio das quais se produz sentido” (1999, p.86). O discurso da mídia se faz valer do uso da linguagem e do processo simbólico, ao considerar parte do sistema semiológico de Saussure e Barthes: “significante-significado e denotação-conotação”. Althusser (foto ao lado) vê a mídia, ainda, como o que ele denominou de “aparelhos significantes”, que têm como função “garantir e perpetuar o monopólio da violência simbólica” (p.95).
Foucault considera a mídia, ou o “dispositivo visual”, “um modo de organizar o espaço, controlar o tempo, vigiar continuamente o indivíduo e assegurar a produção positiva de comportamento” (p.98). Assim, é possível fazer uma relação da televisão com o panóptico, da figura que consegue vigiar a todos, sem poder ser visto. No caso televisivo, o panóptico é invertido, e os vigiados veem sem serem vistos.
É preciso citar, dentro do estruturalismo, modelos que integram o processo do discurso e de conteúdo simbólico. Foucault estabelece uma estrutura em que observa angulações discursivas chamadas de “procedimentos de controle e de delimitação do discurso”: o comentário na sociedade (o desnivelamento do discurso), o autor (como agrupamento do discurso), disciplina (conjunto de métodos), o ritual (qualificação dos indivíduos que se expressam), sociedade do discurso (conservar e produzir), doutrina (reconhecimento de verdades e aceitação de certa regra).
REFERÊNCIAS
CAIRO, Alberto. Infografia 2.0 - visualización interactiva de información en prensa. Madrid: Alamut. 2008
MATTELART, A. & MATTELART, M. O estruturalismo. In: ____. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 1999, p. 86-102.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2004, p. 21-45.
CHARAUDEAU, Patrick. O que quer dizer informar. In: ____. O discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006, p. 31-63.
domingo, 1 de maio de 2011
PERSPECTIVAS SISTÊMICAS DOS PROCESSOS MIDIÁTICOS
O texto de Ronaldo Henn apresenta aspectos da Teoria Geral dos Sistemas, buscando reflexão acerca da interrelação de elementos que compõem uma unidade e fazer um tensionamento com o jornalismo. Henn aponta o caráter importante desta teoria por considerar a existência de sistemas abertos, que possibilitem trocas com o meio ambiente. E, ao abordar o pensamento de Morin acerca dos sistemas, Henn aponta para a ênfase organizacional formada a partir de interrelações destes elementos, ou “o tecido articulador do comportamento dos mais diversos sistemas” (HENN, 2002, p.20). Entende-se, portanto, existir parâmetros sistêmicos para o jornalismo, por conter componentes que se interdependem com funções específicas como captação, codificação e emissão de relatos. O que estaria fora deste âmbito é considerado como subsistema.
Mas, o próprio texto de Henn levanta um questionamento. O jornalismo pode ser considerado sistema ou um fio articulado que enquadraria-se num subsistema da Comunicação ou mesmo da sociedade? Na fronteira tênue dos sistemas, é possível com base no texto encontrar relações sistêmicas no jornalismo a partir de pontos que os caracterizam como tal, a saber: permanência, composição, identidade, complexidade, diversidade, autonomia, conectividade, estrutura, integralidade, organização e funcionalidade. Para fazer entender a relação sistêmica do jornalismo, Henn estabelece aspectos das rotinas produtivas elencando todos estes pontos apresentados.
Um dos detalhes que chamou a atenção e que faz uma relação com a abordagem de Luhmann (foto) acerca da “Improbabilidade da Comunicação” baseia-se na relação sistêmica do jornalismo como o seu meio ambiente, uma conectividade (é preciso observar sobre a angulação de sistemas abertos) constituída a partir da atuação jornalista-fonte, que por via consequente, interliga-se com outros sistemas e subsistemas, neste caso, o público (considerando também que este pode servir de fonte adentrando no processo). O movimento sistêmico do jornalismo é vivo e gera vida a outros sistemas sociais. Luhmann aponta para a ideia de não ser possível formar sistemas sociais sem a comunicação.
Morin classifica a cultura como um sistema que garante o processo comunicativo e que esta comunicação é configurada apenas por detentores de um código comum (linguagem, signos, símbolos). A cultura, como base neste sistema, é diferenciada pela experiência existencial - detentora dos código - e o “saber constituído”, ligado à padrões-modelo (que estetiza a vida). É um sistema “homem-sociedade-mundo”.
A comunicação, para Luhmann, tornou possível a transcendência espaço-temporal dos sujeitos, a ruptura destes estágios antes limitados em sistema “diretamente presente e da comunicação cara a cara” (LUHMANN, 2006, p. 47). E Luhmann também considera a sociedade como um sistema, configurados por subsistemas, também reduzidos em outro subgrupo de subsistemas, oferecendo exemplos como “família, política, economia, direito, sistema sanitário e educação” (p.51).
Luhmann reconhece uma sociedade de estrutura ampla e uma comunicação que enfrenta problema de “improbabilidade” (termo que verifica este aspecto sob o ponto de vista do contexto, dos receptores e dos resultados), que, no entanto, se convergem e estabelecem uma interrelação.
Embora, haja uma certa conexão dos pontos apresentados por Luhmann, a intenção no texto de Henn é verificar a relação do jornalismo na Teoria Geral dos Sistemas, enquadrando-o em parâmetros previamente identificados. E um deles é a “complexidade”, visto que “a atividade jornalística comporta-se como um grande investimento empresarial que vende um produto simbólico” (HENN, 2002, p.31). Que na ideia de explicitar uma missão de “informar com imparcialidade”, o que está latente é a “veiculação de ideologias”. E para sustentar esta estrutura, o jornalismo é submetido aos interesses econômicos.
Um ponto de Henn a ser relacionado com a infografia é a reflexão de Ciro Marcondes Filho sobre os investimentos empresariais na notícia como mercadoria. A informação seria uma commodity a receber constantes melhorias. No caso, o surgimento das manchetes, dos títulos, do design gráfico, do uso da cor e por assim dizer, o recurso da infografia, seriam elementos desta atuação do capital sobre a notícia. “O jornal deve vender-se pela sua aparência” (MARCONDES FILHO, 1986, 66-67 apud HENN, 2002, p. 32).
REFERÊNCIAS
LUHMANN, Niklas. A improbabilidade da comunicação> In: ____. A improbabilidade da comunicação. Lisboa: Editora vega, 2006, p.39-63.
MORIN, Edgar. 4. A cultura; 5. A crise da cultura. In: ___. Cultura de massas no século XX - Necrose. Volume 2. 3a. ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2001, p. 75-106.
HENN, Ronaldo. Jornalismo e sistemas. In: ___. Os fluxos da notícia. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2002, p. 13-38.